Remember The Spiritual Life: :: Minha história :: Da comunicação à teologia

domingo, 23 de janeiro de 2011

:: Minha história :: Da comunicação à teologia

(ou de como Deus conduz as pessoas sem que elas percebam)

Meu nome é Maria Clara. Sou carioca, nascida e criada na Cidade Maravilhosa, e vibradora de suas belezas naturais, de sua gente, de sua música, e da luz do sol que se põe no fim do dia sobre a baía de Guanabara e suas ilhas.

Nasci a 19 de maio de 1949, filha única, neta única e sobrinha única. Talvez essa unicidade que me acompanha desde o nascimento me tenha instigado a ver – conduzida pela mão saudosa e amorosa de minha avó Antonietta – na Igreja Católica um lugar cheio de possíveis irmãos e primos com quem eu pudesse interagir e conversar. Realmente, foi e é na Igreja que encontrei meus melhores amigos, verdadeiros irmãos que me acompanham ao longo da vida.

Nasci Lucchetti, neta de italianos, catalães e portugueses. A 2 de junho de 1969 tornei-me Bingemer pelo casamento com um argentino filho de alemães que há trinta e oito anos me faz feliz e que me deu os três mais belos presentes de minha vida: meus três filhos: Maria Laura, Carlos Frederico, e Maria Cândida. Com eles formamos uma família que está crescendo. Desde o dia 25 de abril de 2007 sou avó de Maria Carolina, (Carol), uma linda menina de olhos grandes e claros e sorriso maroto. Filha de Lalá e Eduardo. Para o próximo mês de maio, há outro em caminho, filho de Carlos e Maria Isabel

Moça típica da minha geração, tranquei a faculdade de Comunicação que havia recém começado para seguir o marido por dois anos de Mestrado na Europa. Tempo maravilhoso, de construção de vida sem um vintém no bolso e uma filha recém nascida para cuidar. Tipicamente também, abalaram-se daqui para o Velho Continente minha mãe e minha avó a fim de conhecer a neném e ajudar-me em coisas que nos meus 20 anos não tinha a menor idéia, como trocar fraldas e preparar mamadeiras.

Ao voltar ao Brasil, em 1971, retomei a faculdade de Comunicação e entre outra gravidez e a vida de casada que começava a se reinstalar no país, terminei em 1975 o bacharelado em Comunicação Social na PUC do Rio. Foi quando, procurando um trabalho que não me tomasse o dia inteiro, por causa das crianças, fui convidada pelo então Padre Alfredo Novak (hoje bispo de Paranaguá, PR) a trabalhar na sede da Conferência dos Bispos do Brasil, que naquele tempo funcionava no Rio de Janeiro. Ali comecei a desenvolver a área de Meios de Comunicação audiovisuais.

Era uma época na qual a Igreja do Brasil aparecia como a única voz que se levantava para defender os direitos humanos e os bispos que se encontravam à freente da entidade, - Dom Ivo Lorscheiter, Dom Aloísio Lorscheiter e outros – apareciam-me como verdadeiros gigantes de fé e caridade ardente que fazia crescer o amor por minha Igreja. Foi este amor, acrescido da experiência pastoral que a CNBB me proporcionou que me imbuiu do desejo de estudar teologia. Não pensava deixara Comunicação, mas sim ter mais base para o trabalho que fazia.

A entrada na Faculdade de Teologia da PUC-Rio aconteceu em 1976, assim como a gravidez de minha terceira filha, que nasceu a 5 de abril de 1977. O sono e o enjôo que sentia durante as aulas não quebraram a fascinação de escutar as aulas de meu primeiro professor, o Pe. João Batista Libanio, que abria diante de meus olhos fascinados os caminhos da Teologia Fundamental, da fé e da revelação. O desejo de permanecer no terreno da Teologia e o estímulo de começar a ser convidada para dar assessorias e palestras sobre temas teológicos, juntamente com a mudança da CNBB do Rio rumo a Brasília acabaram de fazer-me tomar a decisão. Iria terminar a graduação, e ingressar no mestrado e depois no doutorado, a fim de servir a Igreja e poder ajudar a fazer crescer o Reino de Deus.

Foi nesta mesma época que se deu em minha vida um encontro decisivo com Inácio de Loyola. A experiência dos Exercícios Espirituais, método que Inácio deixou como legado à Igreja para buscar e encontrar a Deus em todas as coisas passou a moldar minha maneira de rezar e de viver. Foi sobre Inácio, portanto, e sua teologia trinitária que fiz minha tese de mestrado e depois de doutorado. Para a última, desloquei-me até Roma, na Universidade Gregoriana, defendendo-a a 3 de maio de 1989.

Após o doutorado, voltei à PUC , meu lar acadêmico desde sempre. Retomei as aulas, a pesquisa e a orientação de teses de mestrado e doutorado. Comecei a escrever para periódicos acadêmicos, a publicar livros e artigos e a assessorar dioceses, congregações religiosas e movimentos leigos sobre temas teológicos específicos.

Entre minhas linhas de pesquisa ao longo destes anos, ao lado dos sempre amados e nunca abandonados Santo Inácio e a Santíssima Trindade, estiveram : a Mulher e as relações de gênero, a mística inter-religiosa, a crise da modernidade e o pluralismo religioso. No momento, minha atenção se encontra voltada para o pensamento de uma filósofa que se tornou grande amiga, apesar de eu nunca te-la encontrado pessoalmente: Simone Weil. A partir dela, desdobrei novos caminhos de pesquisa, onde a violência, o diálogo inter-religioso e o gênero também estavam presentes.

Finalmente, nos últimos anos, a Comunicação vem voltando a minha vida, imbricando-se com a Teologia. Coordenando há quase 10 anos um Centro de fé e cultura da PUC, que se dedica à formação de leigos, comecei a ter oportunidade de maior visibilidade na mídia, em especial na televisão e nos jornais. E ao longo deste ano de 2002 assumi uma coluna quinzenal no Jornal do Brasil, desde onde procuro testemunhar a fé que me levou em seus caminhos desde criança e me fez assumir como missão o magistério teológico. O retorno que recebo dos leitores e o apoio que tenho tido dos companheiros de caminhada me confirma nesse caminho por onde o Senhor me tem conduzido ao longo de toda a vida. E agora, desde 11 de março de 2004 sou decana do Centro de Teologia e Ciencias Humanas da PUC-Rio (http://www.ctch.puc-rio.br/conteudo/home.asp).
Maria Clara Luchetti Bingemer
(decana do Centro de Teologia e Ciencias Humanas da PUC-Rio
 (http://www.ctch.puc-rio.br/conteudo/home.asp).





http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/agape/apost/retiros.htm

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